Othelino Neto: a política como jogo de poder em Pinheiro

Othelino Neto construiu sua trajetória política em Pinheiro não pelos votos que consegue, mas pela capacidade de se movimentar entre alianças e interesses. Com uma base eleitoral modesta — raramente ultrapassando 2 mil votos na cidade —, ele transformou a articulação nos bastidores em sua maior arma, consolidando uma influência que muitos enxergam como surpreendente, mas também como polêmica.

Em 2020, emplacou sua esposa, Ana Paula, como vice-prefeita na chapa de Luciano Genésio, contrariando prognósticos desfavoráveis. No entanto, o rompimento com Luciano não representou um revés; pelo contrário, foi uma oportunidade para mostrar sua resiliência política. Com a ida de Flávio Dino ao STF, garantiu que Ana Paula assumisse o Senado, evidenciando sua habilidade de se adaptar e explorar o cenário político em benefício próprio.

O ciclo se repetiu em 2024. Dessa vez, o escolhido foi seu cunhado, alçado a vice na chapa de André da Ralp Net, garantindo mais uma vitória. Apesar disso, a estratégia expõe um padrão: a dependência de articulações familiares e alianças de conveniência, levantando questionamentos sobre até que ponto sua influência é consolidada ou apenas circunstancial.

Othelino se destaca pela habilidade de transitar entre grupos políticos rivais — de Filuca Mendes a Leonardo Sá, passando por Luciano Genésio e agora André da Ralp Net. Essa flexibilidade, embora estratégica, também levanta dúvidas sobre lealdade e coerência política, atributos que muitos eleitores consideram essenciais.

A questão central é: até onde essa trajetória, construída em alianças oportunistas, pode ir sem que as bases eleitorais ou os aliados comecem a questionar sua real força? Othelino Neto não é apenas um articulador; é também um símbolo de uma política que coloca estratégias acima de princípios. Um modelo eficiente, mas que, em longo prazo, pode revelar suas fragilidades.

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